Acredito que nos títulos públicos do Tesouro Direto moram o “ouro” da renda fixa, já que é o investimento mais seguro dessa classe de investimentos.
Podem até haver algums ativos de renda fixas que rendem um pouco mais, mas devemos lembrar que quem procura a renda fixa normalmente busca a segurança sem abrir mão de uma boa rentabilidade e no Tesouro Direto mora esse equilíbrio.
Os títulos públicos do Tesouro Direto são emitidos pelo Governo Federal e tem como características:
– Serem o investimento mais seguro do país;
– Não possuírem cobertura do FGC;
– Não possuírem isenção de IR;
– Terem sua rentabilidade atrelada a indicadores da economia como o juros (Selic) e a inflação (IPCA).
Chamamos de Tesouro Selic quando atrelados aos juros, de Tesouro IPCA + quando atrelados a inflação e de Tesouro Prefixado quando acordamos uma rentabilidade fixa.
De onde surgiram os Títulos Públicos?
O Governo Federal, precisa captar recursos para suas atividades na área da saúde, educação, infraestrutura, etc, para isso, ele emite títulos públicos de renda fixa para que pessoas como eu e você comprem e financiemos os seus projetos. Quando nós compramos títulos públicos o governo nos pagam juros ou rendimentos por isso. Simples, não é?
Então para você entender melhor, toda vez que você compra um título público, você está nada mais, nada menos, do que emprestando dinheiro ao emissor daquele título, no caso o Governo Federal e os juros pagos a você com o passar do tempo, nada mais são do que a remuneração que você recebe por emprestar seu dinheiro.
Quais são os tipos de Tesouro Direto?
Os títulos do tesouro podem ser Prefixados ou Pós-fixados. Prefixados quando você sabe previamente quanto irá ganhar ao final e Pós quando você atrela seus ganhos a um dos indicadores da economia: IPCA (inflação) e taxa Selic (juros da economia) acrescido de uma taxa fixa.
Dessa forma temos os seguintes títulos:
– Tesouro Prefixado (LTN);
– Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F);
– Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal);
– Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B);
– Tesouro Selic (LFT);
– Tesouro Renda + (NTN – B1); e
– Tesouro Educa +
Falaremos mais a respeito de cada um deles em breve, vamos primeiro entender mais um pouquinho sobre o Tesouro Direto.
Qual é a rentabilidade no tesouro direto?
A rentabilidade varia, mas sempre renderá mais do que a poupança. Em 2020 por exemplo, a poupança rendeu aproximadamente 2,1%, enquanto os títulos do tesouro direto atrelados a taxa Selic renderam mais de 2,7% e os títulos do tesouro direto atrelados ao IPCA renderam mais de 4,5% no mesmo período.
Apesar de em valores percentuais os números estarem próximos, esse números variam de ano para ano, e em alguns os títulos rendem consideravelmente mais. Isso nos leva a próxima pergunta:
Como posso enriquecer com o tesouro direto?
Acompanhando o retorno médio ao longo dos anos, não é difícil você conseguir uma rentabilidade de 1% ao mês com títulos públicos.
Você já deve ter ouvido falar da mágica dos juros compostos não é mesmo?, hoje em dia você pode achar uma calculadora de juros compostos facilmente disponível de graça na internet, basta procurar nos mecanismos de busca do seu navegador.
Faça uma simulação em uma calculador qualquer você mesmo. Você verá que com rendimento médios anuais de 10% ao ano você dobrará seu capital investido caso não bote nenhum centavo a mais a cada cerca de 7 anos e com rendimentos médios anuais de 15% o seu capital dobrará a cada 5 anos.
Como eu disse acima, isso se você não por nenhum centavo a mais. Caso você faça aportes frequentes você dobrará o seu capital em tempo muito menor.
Você também pode especular com o Tesouro Direto ganhando rentabilidades muito altas em um curto período de tempo, através da marcação a mercado, que é quando você vende o seu título antecipadamente ao em vez de levar ele até o vencimento.
Por que as pessoas deixam dinheiro na poupança e não no tesouro direto?
As pessoas investem na poupança por simples e pura falta de conhecimento, elas acham que a poupança é a única opção para quem tem pouco dinheiro, mas isso não é verdade, com apenas R$30,00 você já pode investir no Tesouro Direto!
Outro fator é achar que a poupança é o investimento mais seguro do país, o que também não é verdade, não há no Brasil nenhum investimento mais seguro do que os títulos públicos do Tesouro Direto, que vencem até mesmo da famigerada poupança e de quebra ainda rendem mais. Vamos entender o porquê que eles são super seguros:
Da para perder dinheiro no tesouro direto?
Talvez você não saiba, mas o Tesouro Direto é o investimento mais seguro do Brasil, mais seguro até do que a Poupança. Isso porque a poupança é um produto do banco, e o tesouro direto é um produto do governo federal. Para que você perca o dinheiro investido na poupança basta que o banco onde você guardou o dinheiro quebre, e para que você perca o dinheiro investido no Tesouro Direto é preciso que o país quebre.
Em um crise extrema no país o sistema bancário decretaria falência antes do governo federal que representa o país. Dessa forma o único risco para o tesouro seria o Brasil decretar falência, o que é muito difícil porque há muitos mecanismos internos e até internacionais para impedir que isso aconteça.
A outra forma seria você fazer o resgate do seu dinheiro antes do vencimento quando o momento não for favorável (isso se chama marcação a mercado), isso porque, o valor dos títulos variam ao longo dos anos até a data do vencimento, mas se você carregar até o vencimento você nunca perderá, o porque exatamente isso acontece é assunto para uma aula um pouco mais longa e completa, por hora basta saber isso.
Quais são os custos com taxas e impostos no Tesouro Direto?
O IR sobre o lucro é regressivo e funciona da seguinte forma:
Na 1ª faixa, você pagará 22,5% de imposto sobre o lucro, se resgatar o capital investido antes de 180 dias.
Na 2ª faixa, você pagará 20% de imposto sobre o lucro, se resgatar o capital investido entre 181 a 360 dias.
Na 3ª faixa, você pagará 17,5% de imposto sobre o lucro, se resgatar o capital investido entre 361 a 720 dias.
Na 4ª faixa, você pagará 15 de imposto sobre o lucro, se resgatar o capital investido a partir de 721 dias.
Além disso, você paga 0,2% ao ano para a B3 que guarda os seus títulos e mais uma taxa que normalmente não passa de 1% para o agente de custódia que você escolheu, seja um banco ou uma corretora (a grande maioria das corretoras já zeraram essa taxa, não cobrando absolutamente nada).
Um último custo é o IOF, que só é cobrado sobre o lucro da operação e caso você resgate o seu título público antes de 30 dias.
Devo te chamar a atenção para o fato de que mesmo com essas taxas e impostos os títulos públicos continuam sendo mais rentáveis que a poupança que é isenta de IR e de outras taxas.
Liquidez: posso resgatar meu dinheiro a hora que eu quiser?
Sim, você pode sacar seu capital investido a hora que você quiser, o seu dinheiro não fica preso em hipótese alguma.
Devo apenas lembrar que pela marcação a mercado, se você resgatar seu capital investido antes da data de vencimento a rentabilidade pode ser negativa (mas isso nunca vai acontecer caso você leve até o vencimento).
O único Tesouro onde isso nunca vai acontecer é o Tesouro Selic, pois esse Tesouro está sempre no positivo, independentemente do momento em que você sacar.
Falando sobre cada um dos títulos públicos:
Tesouro Prefixado
O Tesouro Prefixado, paga rendimentos previamente acordados, os juros que serão pagos a você será sempre fixo. Então para você entender:
Se você comprar um tesouro prefixado com vencimento em 2035 que paga 12% a.a (ao ano) significa que você acordou receber 12% a.a em cima do seu capital investido, incidindo juros compostos até o ano de 2035.
Tesouro Prefixado com juros semestrais
O Tesouro Prefixado com juros semestrais, te paga juros semestrais até a data do vencimento quando então você recebe o valor final com rendimentos mais a última parcela dos juros. A vantagem desse Tesouro é poder reinvestir os juros pagos semestralmente.
Tesouro IPCA +
O Tesouro IPCA +, acompanha a inflação da economia (também conhecida como IPCA) mais um percentual fixo. Então para você entender:
Se você comprar um tesouro IPCA com vencimento em 2030 que paga IPCA + 5,0% e o IPCA no país naquele momento é de 4,0 %, significa que você receberá 5,0% + 4,0%, totalizando 9% ao ano em cima do seu capital investido, incidindo juros compostos ano a ano até o ano de 2030.
Como o IPCA, ou seja, a inflação, pode variar mês a mês, a rentabilidade também pode variar, mas normalmente ficando próximo ao que você acordou, já que as variações costumam ser mais modestas do que variações de renda variável como a bolsa por exemplo.
Tesouro IPCA + com juros semestrais
O Tesouro IPCA com juros semestrais, paga juros semestrais até a data do vencimento quando então você recebe o valor final com rendimentos mais a última parcela dos juros. A vantagem desse Tesouro é poder reinvestir os juros pagos semestralmente.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic ou LFT (Letra Financeira do Tesouro) é um título público pós-fixado cuja rentabilidade acompanha a taxa básica de juros da economia (também conhecida como taxa Selic). Então para você entender:
Sua rentabilidade se da pela variação da taxa Selic diária registrada entre a compra e o vencimento do título.
Sua volatilidade é baixa, ou seja, esse título apresenta lenta variação de preço. Atualmente ocorre a cada 45 dias quando o COPOM se reúne para decidir qual será a taxa Selic para o próximo período. O período para a realização dessa reunião também varia, pode ser que eles se reúnam de 45 em 45 dias durante este ano e no próximo ano vejam a necessidade de se reunirem a cada 30 dias por exemplo.
Um alerta para todos os tesouros que pagam juros semestrais
Você deve se recordar que expliquei um pouco acima que os títulos que pagam juros semestrais, ou seja, pagam parcela dos seus rendimentos a cada 6 meses.
Assim, os juros pagos nos 2 primeiros anos sofrem uma incidência maior do imposto de renda já que o IR para títulos públicos seguem aquela tabela regressiva que varia de 22,5% a 15%.
Qual Título do Tesouro Direto escolher?
Bom, vou te apresentar aqui duas dentre várias formas de você decidir por qual tesouro escolher, a primeira diz respeito aos seus objetivos, a segunda sobre o momento econômico do país.
1 – Escolhendo seu título de acordo com o seu objetivo:
Se você quiser por exemplo proteger seu patrimônio de depreciação ao longo dos anos, você pode escolher o Tesouro IPCA +, pois ele cobrirá a inflação e ainda te pagará um percentual a mais.
Se você quiser ter uma reserva de emergência que possa ficar rendendo para que seu dinheiro não fique parado, você pode escolher o Tesouro SELIC, pois este é o único em que você nunca perderá independente de sacar antes do período acordado.
Assim, se ocorrer uma emergência e seja preciso o resgate do dinheiro antecipadamente nada será perdido, ao contrário, ainda terá lhe dado belos rendimentos enquanto você não precisou da reserva de emergência.
Você também pode usar esse Tesouro como caixa porque enquanto você não está usando o seu dinheiro ele estará rendendo e você pode fazer isso tranquilamente porque além de mais seguro que a poupança ele ainda rende mais que a mesma.
Se você quiser viver de renda, você poderá escolher o Tesouro Prefixado, pois como o retorno é sempre fixo você saberá com quanto contará ao final de cada mês, podendo-se programar para o futuro.
2 – Escolhendo seu título de acordo com o momento econômico do país:
Agora veremos como escolher um título de acordo com o momento econômico do país.
Se as análises econômicas do país apontam para uma subida a longo prazo do IPCA e consequentemente da taxa Selic (a alta do IPCA normalmente vem acompanhando da subida da taxa Selic já que o governo aumenta essa taxa para controlar a inflação), vale a pena você comprar títulos pós-fixados, atrelados a esses indicadores, pois você ganhará com a alta dos mesmos.
Mas caso essa mesma análise aponte para uma estabilização do país, com a queda desses indicadores o mais indicado é comprar títulos prefixados enquanto eles ainda estão rendendo mais.
Isso garantirá que quando o IPCA e a taxa Selic caiam (após controlar a inflação é natural que o governo vá reduzindo a taxa Selic porque não há mais a necessidade de manter ela alta) derrubando por consequência a rentabilidade dos títulos você possa continuar ganhando uma alta rentabilidade pois você travou a sua taxa de ganho a um % mais alto quando o título prefixado ainda estava pagando bem mais alto.
Como faço para investir no Tesouro Direto?
Você pode investir no Tesouro Direto através de um banco ou de uma corretora. Mas por diversos motivos que explicarei em outro ocasião, a melhor opção é abrir uma conta em uma corretora.
Não se preocupe, pois abrir conta em qualquer corretora é gratuito e dependendo da corretora e do valor que você invista, você terá acesso também a um assessor financeiro.
Outra forma de investir no Tesouro é se cadastrando diretamente no site do Tesouro Direto e realizando a operação pelo próprio site, mas de qualquer forma, para isso, você terá que ter uma conta aberta em uma corretora.
E se a corretora quebrar?
Pode ficar tranquilo, a corretora é apenas uma intermediadora que você utiliza para investir, ela é a ponte que liga você ao seu investimento, não é lá que o seu capital investido está armazenado. O seu dinheiro ficará sob custódia da B3, então não, você não perde o seu dinheiro caso a corretora quebre.