Além de investir nos produtos financeiros como pessoa física, ou seja diretamente, negociando você mesmo a compra e venda de ativos, você também pode utilizar intermediários, os chamados fundos de investimentos.
Os fundos de investimentos são uma espécie de “condomínio” de investidores. Eles reúnem os recursos financeiros de diversas pessoas, para que sejam aplicados em conjunto no mercado financeiro e de capitais. Os ganhos obtidos com as aplicações são divididos entre os participantes, na proporção do valor depositado por cada um.
A soma do capital investido de todos os investidores forma o chamado: patrimônio do fundo. O Patrimônio do fundo é aplicado por uma instituição ou profissional (gestor). O gestor é o profissional que decidirá onde o capital do fundo será aplicado.
Então ao comprar um fundo você está nada mais, nada menos do que terceirizando a decisão sobre a alocação de seus recursos financeiro a um gestor em quem você confia.
As decisões sobre o que fazer com os recursos devem obedecer objetivos e políticas predefinidas. Os investimentos podem ser bem-sucedidos ou não e isso determinará a valorização ou desvalorização das cotas dos fundos.
O que são as cotas de fundo de investimentos?
O patrimônio dos fundos é dividido em cotas. Quando você aplica em um fundo, você está na verdade, adquirindo cotas deles. Se você quer investir R$ 1 mil em uma carteira que tem cotas valendo R$ 1 cada, conseguirá adquirir um total de mil cotas.
A rentabilidade obtida pelo investidor também é calculada a partir do valor das cotas. No exemplo anterior, se as cotas de R$ 1 estiverem valendo R$ 1,5 depois de um ano, significa dizer que o retorno no período foi de 50%.
Tipos de Fundos de investimentos
Existem fundos das mais diversas classes de ativos que você possa imaginar, aqui listei os principais:
Fundos de renda fixa
Aplicam o capital do fundo em ativos de renda fixa como Títulos Públicos, CDB, LCI, CRA e etc.
Fundos de ações
Aplicam o capital do fundo em ações como ações do Banco Itaú, da Gerdau, da Petrobras e etc.
Fundos multimercados
Combinam uma cesta de produtos de renda fixa e de ações no mesmo fundo, o fundo pode ter ativos como CDB (renda fixa) e ao mesmo tempo ações da Azul Linhas Áreas (renda variável).
Fundos de Índice
Fundos de índice também são conhecidos como ETF (Exchange-traded fund). Eles não aplicam o capital diretamente em ações, mas no conjunto de ações que formam aquele determinado índice.
Por exemplo, ao investir no ETF do Ibovespa você está comprando todas as ações daquela bolsa em um único produto e a variação do índice Bovespa representará a variação de rentabilidade do seu fundo, se o Ibovespa subir 20%, o ETF desse índice, o BOVA 11 subirá 20%, se o Ibovespa cair 15%, o BOVA11 caíra 15%.
Fundo de ouro
Aplica o capital em índice que representa a oscilação da variação de preço do ouro.
Fundos Cambiais
Investem em moedas estrangeiras, onde a rentabilidade é representada pela a variação da subida ou queda daquela moeda ou no conjunto de diferentes moedas compradas.
Fundos internacionais que investem em ações estrangeiras
Esses são um belo recurso para você diversificar seus investimentos e sair do “risco Brasil”, assim chamo porque uma vez que nosso país é emergente, a nossa bolsa é mais volátil (oscila mais) por exemplo do que a bolsa americana que reage melhor as crises internacionais.
Por exemplo, ao aplicar em ações ou fundos de ações dos Estados Unidos, você está se protegendo contra crises que ocorrem aqui no Brasil.
Custos dos fundos
Ao aplicar em um fundo de investimentos, você precisa entender que ele tem alguns custos, vamos explicá-los:
Taxa de Administração
Todos os fundos possuem custos operacionais. Existe um escritório que fica em algum prédio onde todos os funcionários desse fundo trabalham e é preciso pagar pela locação, energia elétrica, água, funcionários da limpeza, pessoal do TI, recepcionistas, outros empregados e etc, além é claro de remunerar o próprio gestor e seus analistas. Para isso o fundo cobra uma taxa de administração que costuma variar entre 0,1% a 3%.
Detalhe: a cobrança é feita em cima do total aplicado e não da rentabilidade do fundo, assim, essa taxa sempre é paga, independente do seu fundo estar dando lucro ou prejuízo. Quanto menor for essa taxa cobrada, melhor para você.
Come Cotas (Imposto de Renda dos fundos)
Ao contrário de outros investimentos, a cobrança de IR nos fundos de investimentos de renda fixa não acontece apenas na hora do resgate, ela é semestral e ocorre duas vezes por ano. No último dia útil dos meses de maio e novembro, incide o IR de 15% sobre o lucro até aquele momento. A cobrança é feita recolhendo cotas do fundo (por isso, esse sistema é conhecido como “come-cotas”).
Vamos a um exemplo: suponhamos que você invista R$ 10.000 em um fundo de renda fixa, e que, quando incida o come cotas o seu rendimento seja até o momento de R$ 500,00, assim o seu patrimônio no fundo no momento é de R$ 10.500.
Sobre esse rendimento de R$ 500,00 incide o come cotas de 15%, ou seja, você pagará de imposto de renda R$ 75,00. O seu patrimônio passa a ser reajustado para 10.425,00 e é sobre ele que seus rendimentos continuarão incidindo até o próximo come cotas.
Uma observação: nos fundos de investimentos de ações não incidem Come Cotas, o imposto de renda é cobrado apenas no momento final de resgate do seu capital do fundo.
Taxa de performance
Essa é uma taxa paga aos fundos quando os mesmos obtêm um desempenho acima da média e a métrica utilizada para saber se ele teve esse excelente desempenho é a comparação do seu rendimento com o seu Benchmark.
Por exemplo, suponhamos que você investe em um fundo de renda fixa e ele cobra uma taxa de 20% de performance.
Nos Fundos de Renda Fixa o Benchmark é o CDI, assim se o CDI subir 6% naquele ano e o fundo em que você investiu subir 8%, será cobrada uma taxa de 20% de performance sobre esses 2% que excederam o CDI o que da uma taxa de performance final de 0,4%.
Esse é um prêmio pago ao gestor por ele ter se saído melhor do que o índice referência dele.
Liquidez
No caso dos fundos, a liquidez representa o tempo em que o seu capital investido estará na sua mão após você solicitar o resgate, diferentemente dos famosos fundos de ações onde normalmente a liquidez é de D+30 (ou seja, após realizado o saque o dinheiro investido estará na sua mão em 30 dias), os fundos de renda fixa tem uma liquidez que giram em torno de D+5 a maioria deles.
Os fundos fazem isso para poderem se organizar, imagine que bagunça seria para o fundo se você solicitasse o resgate hoje e amanhã o dinheiro já estivesse na sua conta, ele não conseguiria realocar recursos de forma inteligente protegendo os demais investidores que continuam investindo no fundo.
É importante você saber que quando você solicita o resgate do capital investido, a rentabilidade que você terá é a do dia em que o resgate for efetivado e não do dia em que você solicitou.
Por exemplo, suponhamos que você solicitou o resgate do seu fundo em um dia em que a rentabilidade era de 15% (fundo com liquidez de D+30). Se 30 dias depois quando o resgate finalmente for efetivado a rentabilidade for de 10%, é essa rentabilidade que você receberá.
O contrário também é verdadeiro, se você solicitou o resgate do seu fundo em um dia em que a rentabilidade era de 15% e 30 dias depois quando o resgate for efetivado a rentabilidade for de 20%, é essa rentabilidade que você receberá.
Cuidados na escolha de um fundo de renda fixa
Após falar de todos os custos de um fundo de investimentos em renda fixa você deve ser perguntar: será que vale a pena mesmo investir em um fundo de renda fixa?, eu não poderia estar investindo por conta própria quando se trata de renda fixa?.
Observe a taxa de administração de um fundo de renda fixa, dependendo de quanto o fundo cobrar, este valor pode pesar muito sobre a rentabilidade final. Por exemplo, 2% ao ano para um fundo de renda fixa costuma ser um percentual altíssimo.
Veja se realmente vale a pena você delegar para um gestor a alocação dos seus recursos, já que investir em renda fixa por conta própria é muito mais simples do que por exemplo investir em ações por conta própria, onde talvez seja mais o caso dependendo do seu nível de compreensão do assunto e tempo disponível para estudar, delegar a alocação de seus recursos a um gestor.
Sem contar que em se tratando de fundos de renda fixa, não tem muito o que o gestor inventar, já que por lei ele é obrigado a investir no mínimo 80% do PL (Patrimônio Líquido) do fundo em renda fixa, assim a rentabilidade final não costuma ser muito diferente da variação do CDI, muitas vezes sendo até menor.
Então veja, você estaria dando de presente 2% ao ano do seu patrimônio para o fundo, sendo que se você comprasse um Tesouro Selic, já estaria tendo a rentabilidade do CDI.