Ninguém gosta de pagar taxas e impostos, mas não há como fugir, em se tratando de investimentos em ativos de renda fixa, você precisa cumprir com essa regra.

A primeira boa notícia é que se você está pagando imposto é porque você está ganhando e a segunda é que tudo é feito de forma automatizada, ou seja, não precisa de nenhuma ação por parte do investidor.

As taxa e impostos que incidem sobre aplicações financeiras de renda fixa são 4:

– Imposto de Renda (IR);

– Imposto sobre Operações Financeiras (IOF);

– Taxa da B3; e

– Taxa da Corretora.

Mas nem todas elas incidem sobre todas os investimentos de renda fixa, vamos esclarecer didaticamente cada uma delas:

Imposto de Renda (IR)

Montei uma pequena tabela para rápida consulta sobre ativos de renda fixa que são tributáveis pelo IR e os que não são:

O IR sobre ativos de renda fixa são sempre sobre o lucro da operação realizada e regressivos funcionando da seguinte forma:

Então vamos a um exemplo prático:

Caso você tenha investido R$1.000,00 em um ativo qualquer de renda fixa (excetuando-se LCI e LCA) e faça o resgate do mesmo 2 anos e meio após a sua aplicação tendo resgatado R$ 1.300,00, o seu rendimento terá sido então de R$300,00. Como já se passaram de 720 dias desde a sua aplicação, você pagará 15% sobre R$300,00 que foi o seu lucro, pagando assim R$45,00 de IR.

Isso significa que eu estaria pondo no bolso então R$ 265,00?.

Não, pois após o desconto do IR ainda há o desconto de outras taxas e impostos como veremos a seguir.

Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

Assim como o IR, o IOF é cobrado apenas sobre os seus rendimentos, ou seja, sobre o que você lucrou, mas isso só ocorre se você resgatar seu ativo de Renda Fixa nos 30 primeiros dias após a aplicação (é como se fosse uma penalização), passando desse período o IOF é completamente zerado.

Veja a tabela abaixo para saber quais investimentos sofrem taxação do IOF e quais não:

O IOF segue a seguinte tabela regressiva:

O IOF é cobrado antes do IR, então caso você resgate seu investimento 15 dias após a aplicação você pagará por exemplo 50% sobre o lucro da operação financeira, e após esse desconto ainda será descontado o IR de 22,5% por você ter vendido em um período inferior a 180 dias. Lembrando mais uma vez, essas taxas e impostos incidem apenas sobre o lucro.

Então tratando-se de investimentos em ativos de Renda Fixa, não invista capital que você terá que resgatar antes de 30 dias. Não porque você vai perder dinheiro já que a cobrança é apenas sobre o lucro, apenas porque você estaria deixando de extrair o potencial máximo que esses investimentos podem trazer.

Taxa da B3 (Brasil – Bolsa – Balcão)

Essa taxa incide somente sobre os Títulos Públicos do Tesouro Direto emitidos pelo Governo Federal, dessa forma:

A B3 é a Bolsa de valores do mercado de capitais brasileiro. Ao comprar e vender um título público você paga uma taxa de 0,2% ao ano para a B3. E como funciona então?.

Se você investir em Tesouro Selic até o valor de R$10.000,00 você não paga qualquer taxa. Assim, caso você invista por exemplo R$12.000,00 nesse tesouro, a taxa de 0,2% é cobrado apenas sobre R$2.000,00 que é o montante que excede o montante que é isento.

Agora, se você investir em qualquer um dos outros tesouros qualquer valor, você pagará 0,2% ao ano.

Essa taxa é cobrada em janeiro e julho, em duas parcelas dando quase 0,1% ao semestre, não sendo 0,1% exatamente porque para se chegar a esses 0,2% ao ano incidem juros sobre juros.

Para se pagar essa taxa é necessário que você tenha dinheiro na corretora porque quando chegar a data da cobrança é de lá que saíra o valor para pagar essa taxa. Assim, você não precisa tomar nenhuma providência junto ao Tesouro para o pagamento da taxa, apenas ter dinheiro em conta para que seja subtraído essa pequena taxa na data prevista.

Taxa da corretora

Quanto as corretoras e bancos, elas cobram de 0% a 0,2% ao ano variando de instituição para instituição.

Hoje está tudo muito competitivo e as corretoras querem muito atrair clientes, então a grande maioria delas já zeraram suas taxas, não cobrando nada para investimentos em títulos públicos e as demais principais modalidades de Renda Fixa.

Quadro resumo

É muita informação?, olhando a primeira vez eu sei que parece ser mesmo, então vou montar um quadro resumo para você:

Cuidado com a “pegadinha”!          

Quando você comparar rentabilidade desses produtos você precisa lembrar de descontar o IR!.

Vamos a um exemplo:

Você tem um título público do Tesouro Direto que paga 10% ao ano e uma LCI que paga 9% ao ano, ambos com vencimento no mesmo dia daqui a 1 ano. Em qual você está tendo uma rentabilidade melhor?

A resposta: na LCI.

Isso porque ele é um produto isento de IR e o título público tem um IR regressivo. Assim, a rentabilidade real do Título Público descontando esse IR após 1 ano de investimento deixaria ele com uma rentabilidade menor do que o LCI.

Veja, com o resgate após 1 ano (365 dias), o IR sobre o título público é de 17,5% (olhar a tabela que apresentei anteriormente), assim, o rendimento final do seu título público cairia de 10% para 8,25%.

Como não há incidência de IR sobre o LCI do exemplo acima, ele continuaria com um rendimento de 9%.

Só isso já seria o suficiente para deixar o LCI mais rentável que o título público em questão, mas além do IR o título público nesse caso ainda sofreria taxação de 0,2% da B3 enquanto o LCI não. Já em relação ao IOF, nenhum dos dois sofreria taxação pois ambos foram resgatados com mais de 30 dias.

Agora que você já sabe como incidem taxas e impostos em todos os investimentos de Renda Fixa fique esperto quando você se deparar com diferentes rentabilidades apresentadas.